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8 de abril de 2010

Exposição sobre a vida de Albert Einstein no Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro


“A curiosidade é mais importante que o conhecimento”
Einstein,


Exposição americana sobre a vida do físico Albert Einstein é inaugurada no Rio

Décadas atrás, o físico alemão Albert Einstein eternizou a teoria da relatividade e a imagem do cientista de cabelos desgrenhados e língua de fora. A partir de hoje, se a chuva permitir, os cariocas ganham uma bela oportunidade para descobrir o que há por trás das fórmulas densas e da aparência exótica. Criada pelo Museu Americano de História Natural, de Nova York, a mostra "Einstein" aporta no Museu Histórico Nacional, no Centro, onde deve atrair 70 mil pessoas até o dia 6 de junho.

Após percorrer mais de dez países, a exposição ganhou traços abrasileirados e atrações interativas inéditas para comemorar os 85 anos da visita de Einstein ao Rio. As duas passagens do físico pela cidade, em março e maio de 1925, duraram pouco mais de uma semana e foram maciçamente comentadas pela imprensa da época, que divulgava inclusive o seu cardápio - Einstein aventurou-se até com um vatapá com pimenta. Apesar da companhia de nomes como Oswaldo Cruz, o físico, que ganhara o Prêmio Nobel quatro anos antes, também se entediava com a falta de colegas.

Sobretudo porque, seis anos antes, a Teoria da Relatividade Geral, proposta por Einstein em 1915, foi confirmada em solo nacional, mais precisamente na cidade de Sobral, no Ceará, durante um eclipse. A expedição de cientistas britânicos ao remoto local também está em destaque na exposição.

A mostra contraria a declaração do físico, segundo a qual sua vida "não interessava a ninguém". Dos manuscritos às fotos, passando por flashes de sua atribulada vida amorosa, a devassa sobre a biografia do alemão é completa e revela uma existência das mais interessantes.

- É difícil acreditar que uma teoria hermética, como a da relatividade, tenha assumido um ar tão pop - admite Tolmasquim. - A verdade é que ideias como luzes fazendo curvas e o tempo relativo dão boas manchetes de jornal. Além disse, Einstein não ficou restrito ao seu gabinete de trabalho. Ele foi às ruas e expôs suas opiniões, defendendo inclusive o pacifismo.

A oposição à Primeira Guerra Mundial custou hostilidades ao físico em sua passagem pela Argentina, onde ficou por um mês. Imigrantes alemães recusaram-se a recebê-lo. Em seu próprio país, não faltou quem o acusasse de traição. Parceiro do museu americano no Brasil, o Instituto Sangari enriqueceu a exposição com interações criadas por artistas convidados. O desafio é explicar didaticamente as ideias do cientista.

- O público brasileiro é mais ligado à interatividade - assinala Juliana Estefano, gerente de relacionamento do Sangari. - Chamamos artistas renomados para explicar, por exemplo, os buracos negros. Isso é feito por um jogo, em uma mesa multitoque, em que demonstramos como se comportam estas estruturas.

Outro destaque é a máquina do tempo, que exibe como seria a variação da passagem temporal, dependendo da velocidade do visitante, caso ele entrasse em uma nave ultrarrápida ao nascer.

O Museu Histórico Nacional fica na Praça Marechal Âncora, no Centro.

De terça a sexta, das 9h às 18h; sábado, domingo e feriados: 14h às 18h.

Preços: R$ 14 (aos domingos) e R$ 20.

Mais informações pelo telefone 2550-9220 ou pelo site www.einsteinbrasil.com.br.

Fonte: O Globo



Texto

A outra volta do parafuso

Acossar os pais dos usuários de drogas não tira a juventude dessa terra de ninguém


Os tiros disparados por Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, à queima-roupa e sem nenhuma tergiversação, colocaram em cena de maneira brutal o destino funesto do uso de drogas pela juventude na sociedade brasileira contemporânea. Pelas declarações das testemunhas, Carlos Eduardo, o Cadu, réu confesso, estava evidentemente drogado no momento do crime. O pai do jovem logo sustentou a versão de que Cadu era esquizofrênico. Não só. Sua suposta psicose também teria sido produzida pela frequentação à Céu de Maria, comunidade religiosa do santo-daime. O pai insistira em internar o filho num hospital psiquiátrico, mas o jovem a isso resistiu, alegando não querer terminar como a mãe esquizofrênica. Enfim, a articulação entre uso de droga e crime se desdobrou aqui numa outra, qual seja, a ligação entre loucura e crime.
É possível que o pai tenha criado essa versão, no calor da hora, para colocar o filho na condição de irresponsabilidade jurídica. Seria preferível ser louco do que drogado aos olhos da opinião pública, de maneira a retirar o peso do ato fatal do jovem. Além disso, procurou imputar diretamente os rituais religiosos do santo-daime, regado à droga alucinógena, para relativizar a brutalidade do crime praticado e deslocar para as vítimas toda a responsabilidade pela tragédia. Glauco passaria da condição de vítima para a de algoz, devido à liderança que exercia na comunidade do santo-daime.
É bastante provável que o discurso paterno em questão tenha sido minuciosamente montado pelo advogado para delinear a defesa a ser sustentada no processo criminal. Em contrapartida, a declaração do delegado Marcos Carneiro, do Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo, é uma ducha de água fria nessa versão. Para o delegado, o comportamento do estudante seria típico de um criminoso comum não apenas pela premeditação do assassinato, mas também pelos meios materiais que colocou em ação para a aquisição da arma do crime. No que tange a isso, apenas o futuro dirá qual será o desfecho desse imbróglio e qual versão prevalecerá sobre o acontecimento trágico.
É preciso destacar logo de início que nem sempre o uso de drogas conduz o sujeito ao crime. Pode levá-lo a outra infrações para conseguir a droga de que tanto precisa, mas não necessariamente a um assassinato. É necessário evocar aqui essa banalidade na medida em que, no imaginário social, a articulação entre uso de droga e crime está tecida por conta mesmo da criminalização do uso no Brasil e em escala internacional. Com efeito, ele se inscreve primariamente nos registros policial e judiciário, e não no campo da saúde, como deveria.
A história de Carlos Eduardo é conturbada. Do percurso escolar errático à inconsistência das referências familiares, sua trajetória existencial é típica de uma parcela da juventude que busca nas drogas o alento possível para a angústia cinzenta da existência. Podemos ler essa modalidade de narrativa para descrever a constituição da figura social e psíquica do drogado, como se a inconsistência social do quadro familiar e a fragilidade psíquica das figuras parentais fossem a condição concreta para que o futuro drogado se constituísse como personagem. A mídia dissemina frequentemente tal versão nas suas páginas policiais, forjada que é pela polícia e pelo Poder Judiciário, em colaboração íntima com especialistas, sejam estes oriundos dos campos da psiquiatria, da psicologia ou da psicanálise.
Se o caso em pauta ocorre no campo social da classe média alta, o mesmo modelo de leitura se faz ainda mais eloquente no campo das classes populares. A inconsistência da família e a fragilidade psíquica das figuras parentais se conjugam com a total precariedade das condições sociais, das quais resultaria não apenas o uso de drogas como um percurso criminoso, cujos destinos se entrelaçariam intimamente. Nessa perspectiva, coloca-se sempre em destaque a figura do pai ausente e a do pai inexistente para justificar a intervenção repressiva do Estado, que procuraria substituir essa ausência/inexistência. A complexa situação das supostas classes perigosas da população seria reduzida a uma questão policial, por um lado, e familiar, pelo outro, enquanto uma leitura psicologizante da lei faria essa mediação.
No entanto, em outra parcela da população, as coisas não se passam exatamente assim. Encontramos muitos jovens provenientes de famílias relativamente bem constituídas que se voltam para o consumo de drogas por diferentes razões. O filme Meu Nome não É Johnny, do cineasta Mauro Lima, mostra a história verídica de um jovem, ao mesmo tempo drogado e traficante, que não tinha bem esse perfil. O que está em questão é algo muito mais complexo, algo que não pode ser simplificado por fórmulas criadas pela polícia e pelo poder judiciário, em colaboração ostensiva com setores do campo psi. É preciso que se diga, em alto e bom som, que não existe nem o sujeito infrator, difundido nos últimos anos por certos discursos psicanalíticos, nem tampouco o sujeito drogado, que se constrói por coordenadas similares.
Não resta dúvida de que o uso de drogas se dissemina na juventude brasileira. Para lidar com isso, contudo, é preciso considerar suas condições sociais e simbólicas. Diferentemente dos anos 60, ela hoje entra mais tarde no mercado de trabalho. Tal qual a população que tem entre 50 e 60 anos, é a faixa etária mais atingida pela voragem da economia neoliberal. Estende sua condição juvenil, porém o não reconhecimento simbólico a empurra para a violência e mesmo delinquência, temperadas ou não com o uso ostensivo de drogas. Se essa problemática social sempre marcou as classes populares no Brasil, na atualidade ela se inscreve também na classe média e na das elites, forjando para essas outros destinos trágicos.
É para essa problemática maior que temos que nos voltar com urgência, para que possamos construir outros rumos para a juventude, hoje inscrita nas bordas da terra de ninguém. Ao lado disso, é preciso suspender a culpabilização das figuras parentais, para que possam buscar ajuda para seus filhos drogados sem se sentirem envergonhados e humilhados por conta disso. A ser mantida a conjunção entre a culpabilização e a criminalização dos usuários de droga, ao lado da acusação de suas famílias, vamos continuar acossados face a isso e caminharemos decididamente para a catástrofe. É preciso dar outra volta no parafuso, parafraseando o célebre título do romance de Henry James.

JOEL BIRMAN
PSICANALISTA, PROFESSOR TITULAR DO INSTITUTO DE PSICOLOGIA DA UFRJ E PROFESSOR ADJUNTO DO INSTITUTO DE MEDICINA SOCIAL DA UERJ

7 de abril de 2010

Medicamentos psicoativos

Medicamentos psicoativos inibem conflitos sociais
Psicotrópicos podem impossibilitar pacientes de promover mudanças na própria vida

"Antidepressivos e ansiolíticos são usados para superar conflitos emocionais e aumentar os limites do corpo diante dos problemas cotidianos. Mas, segundo tese de doutorado defendida pelo farmacêutico Reginaldo Teixeira Mendonça na Faculdade de Saúde Pública da Universidade São Paulo (USP), também questões socioeconômicas são influenciadas pelo uso da medicação. Por meio de um estudo etnográfico, o pesquisador percorreu o “caminho social” dos medicamentos.


Para isso, iniciou seu trabalho na farmácia pública de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, e acompanhou a rotina de 23 voluntários. A área delimitada para a pesquisa incluiu favelas, conjuntos habitacionais e bairros de classe média alta.
Segundo Mendonça, o uso dessas drogas tem, inicialmente, a finalidade de auxiliar nos confrontos emocionais, mas acaba impossibilitando o diálogo, fazendo com que os conflitos sejam ignorados – em vez de resolvidos. “As relações sociais são pautadas pelos medicamentos, e essa tendência pode ser produtora de um silêncio que impede a pessoa de encarar qualquer mudança em relação a sua vida”, afirma. Entre os homens, observou-se que essas drogas são usadas principalmente para superar os limites do corpo (dormir menos, trabalhar mais), na tentativa de se manterem como provedores da família. A pesquisa recebeu o Prêmio Nacional de Incentivo à Promoção do Uso Racional de Medicamentos de 2009, concedido pelo Ministério da Saúde"

Fonte: Mente&Cérebro

Livro

Lançamento do livro do Programa de Pós-Graduação da UERJ:

Saber fazer com o real: diálogos entre Psicanálise e Arte

Organizado por Marcia Mello de Lima e Marco Antônio Coutinho Jorge




Dia 14 de abril, 4ª feira, às 19 h.
Livraria Argumento
Rua Dias Ferreira, 417,
Leblon, Rio de Janeiro.

6 de abril de 2010

“O amor e seus transtornos”

Veja o convite do IV Congresso Internacional de Psicopatologia Fundamental e X Congresso Brasileiro de Psicopatologia Fundamental

"A Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental – AUPPF e o Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Paraná – UFPR convidam os interessados a participarem do IV Congresso Internacional de Psicopatologia Fundamental e X Congresso Brasileiro de Psicopatologia Fundamental, que será realizado de 4 a 7 de setembro de 2010, na Universidade Federal do Paraná, em Curitiba, PR, Brasil.

O Congresso tem como tema geral
“O amor e seus transtornos” e, como suas edições anteriores, é uma grande oportunidade para a apresentação de trabalhos de psicopatologia que levem em conta a subjetividade.

O Congresso terá conferências, cursos, simpósios, mesas redondas, exposições e pôsteres e é dirigido a psicólogos, médicos, cientistas sociais, filósofos, assistentes sociais, enfermeiros, fonoaudiólogos, trabalhadores de saúde mental e demais interessados.
Trata-se, portanto, de um grande acontecimento universitário, de caráter internacional, que acolhe trabalhos de estudantes, professores, pesquisadores e profissionais do Brasil e do exterior. Os trabalhos apresentados podem ser de Iniciação Científica, Mestrado, Doutorado, Pós-Doutorado e de Profissionais.

A Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental e o Departamento de Psicologia da UFPR sentem-se honrados e orgulhosos com realização desse grande Congresso.
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