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25 de novembro de 2009

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"Visto-me para ocasiões, para personagens. Há mulheres em meu armário, penduradas em meus cabides, uma mulher diferente para cada terninho, cada vestido, cada par de sapatos.
Acumulo roupas. Minha maquiagem transborda das gavetas do banheiro, e há mulheres diferentes para batons diferentes."

Marya Hornbacher
In Dissipada


Fotografia Helmut Newton

Ciclo de Debates no Rio de Janeito


TEMAS DO MÊS:

OS EFEITOS DA ESCRITA NA PASSAGEM AO ATO SUICÍDA
Lenita Bentes

Psicanalista, Membro da Associação Mundial de Psicanálise (AMP), Membro da Escola Brasileira de Psicanálise /Seção Rio, Mestre e Douturanda em Teoria da Clínica Psicanalítica pela UERJ, Coordenadora da Unidade de Pesquisa da UERJ.

MORTE E LUTO
Mirtha Ramirez

Psicóloga (05/9090), Psicanalista (CEP), Sócia, Psicoterapeuta Corporal em Análise Psico-Orgânica (CEBRAFAPO) Fundadora do Banco de Horas – IDAC, Membro Titular da Associação Brasileira de Análise Psico-Orgânica (ABRAPO.


Data:
27/11/2009

Hora: 6ª f. às 19:30

End: Rua Maria Eugênia, 215/sl. 201 - Humaitá/RJ

Informações: Comissão Cultural da ABRAPO
Tels: Silvana Sacharny: 2537-4081
Ana Luisa Baptista: 3062-3400

Contribuição: R$ 10,00

www.cebrafapo.com.br
contatocebrafapo@gmail.com

23 de novembro de 2009

Freud x Deus

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Lançamento

Recebi este email e repasso:

Lançamento de CADERNOS SOBRE O MAL, de Joel Birman, na Livraria Argumento, no Leblon, dia 26/11, às 20 hs.

Veja a divulgação do evento:

A excepcionalidade do mal

Em Cadernos sobre o Mal, Joel Birman age como historiador de pequenas causas, fazendo a anatomia de um novo tipo de mal na sociedade brasileira

Há uma zona nebulosa do tempo entre o que ainda não se escreveu como história e o que não é mais parte do presente imediato. Essa nebulosa é a matéria dos ensaios de Joel Birman sobre a experiência da brasilidade entre 2000 e 2007. Lendo-os em retrospectiva, percebe-se como o passado recentíssimo pode ser estranho e surpreendente. Seja por exigência de ofício, por disposição de método ou por escolha ética, o que o conjunto dos ensaios revela é a invenção, no Brasil da cultura pós-inflacionária, de um novo tipo de economia da violência. Por dever de ofício, Birman, um psicanalista no horizonte da subjetividade de sua época, recupera tanto a teoria da agressividade em psicanálise, depurando-a de seu moralismo conservador, quanto os caminhos da constituição de uma criminologia psicanalítica, com base em Aichhorn, Winnicott e Lacan. Isso inclui gradualmente corpo, ato e outro, como categorias centrais de um novo estilo de subjetivação e uma nova forma de mal-estar. Para fazer juz à radicalidade da pulsão de morte freudiana, entram em curso os recursos críticos de método necessários para reposicionar o debate sobre a violência. Nietszche, Foucault, Derrida e Agamben lembram-nos a estreita e obscena relação entre violência e poder, e o caráter inócuo senão indesejável de pensar um sem o outro.

Quando a segregação se torna gramática invisível do poder, a violência ganha visibilidade como ruptura e invasão de fronteiras. Quando a violência simbólica é derrogada, quer pelo Estado, quer pela sociedade civil, ela retorna disseminada como violência real. Violência real intensificada, sob a forma de crueldade, no tratamento da vida nua e no esquecimento da vida qualificada. O diagnóstico é circunstanciado: a inefetividade do registro político diante do econômico e o esvaziamento da vida pelo registro da performance precarizam a subjetividade e bloqueiam estratégias de reconhecimento, como a hospitalidade e a ética da amizade, que funcionariam como moduladores simbólicos da violência.

A genealogia da violência, assim desenvolvida, consegue escapar da retórica legalista, que vê no declínio da autoridade vertical de tipo paterna a fonte da violência e, por isso, só consegue pensar formas regressivas de recomposição da autoridade. Escapa também da retórica naturalista, que cultiva o desamparo e a maternagem como aspiração reificada de solidariedade. Ou seja, depois da banalidade do mal, a excepcionalidade do mal.


Sequestro de Patricia Abravanel, filha de Silvio Santos: a violência como demanda de reconhecimento e fama

Cultura pitbull e "sequestros relâmpagos"


Se na primeira parte dos Cadernos destacam-se as virtudes metódicas e teóricas de nosso autor, o returno do livro faz falar o cronista de uma época, o historiador das pequenas causas. São vidas simples, casos banais, contados com o que lhes falta, a saber, reconhecimento da dignidade. Por exemplo, a trajetória de um homem pobre que perde trabalho, esposa e família. Errante, mata cruelmente a menina que lhe oferece flores e comida. Violência inesperada contra a única pessoa que foi gentil com ele. Cinco anos de cárcere manicomial e escuta psicanalítica não foram suficientes para que ele, réu confesso e dócil, reconstruísse os rastros psíquicos dessa passagem ao ato criminal. Vazio e ausência de reconhecimento. Semelhança invertida com os soldados egressos do Iraque matando suas esposas... inexplicavelmente. Semelhança não simétrica entre vencidos e vencedores, como o grito de dor de As Troianas, tragédia de Eurípedes. Falsa equivalência que reaparece na crítica da ideia de que a guerra é a política feita por outros meios (tese de Clausewitz). O diagnóstico desconstrói as oposições fáceis dessa nova forma de violência: crueldade asséptica, crueldade excepcional, crueldade que não faz exemplos.

Não se trata apenas da banal identificação do criminoso com a exceção transgressora que funda a lei, mas da universalização da exceção em uma nova forma de lei. É o Império de um lado e Dogville de outro. Não é o futebol arte contra o futebol força, mas a permissividade dos árbitros universalizada pela corrupção dos cartolas; Maradona procurando a cura, mas não a salvação em Cuba; impactante retrospectiva política que nos apresenta página a página a gradual substituição do poder ostensivo e da violência visível, dos tempos de Antonio Carlos Magalhães, pelo poder invisível e pela violência excessiva, da era FHC e Lula; Estado burocratizado sem densidade afetiva e efetiva; o risco como valor ético básico (para o outro).

A cultura pitbull de nossos adolescentes, assim como a massificação das tatuagens, não tem mais de 15 anos. A aliança do PT com os evangélicos ou o oportunismo de Garotinho não têm mais de oito. A moda dos charutos Cohiba em Land Rovers turbinados não tem mais de quatro. Em seus pequenos ensaios, alguns tão breves que só podem vencer por nocaute, Joel descreve a emergência de um novo tipo de rico, e também de um novo tipo de pobre. Tipos sociais nos quais medo e desalento não se completam, assim como a depressão não se cura com a droga-dependência "excitativa". Personagens dessa nova lógica de condomínio, que a um tempo sitia favelas e casas, privatizando a segurança de ambos.
Entre o miserável e o mendigo profissional, assim como entre o sequestro da filha de Silvio Santos e a popularização da prática dos "sequestros relâmpagos", infiltra-se um elemento comum: a violência como demanda de reconhecimento e fama. Devolução ao remetente do gozo predatório de nossas elites. Não há, portanto, nenhuma banalidade aqui, mas desejo desesperado de engendrar uma excepcionalidade. Cadernos do Mal é um retrato em movimento da longa trajetória de reflexão de Joel Birman sobre os destinos da modernidade. Deve ser lido, com Arquivos do Mal-Estar e da Resistência (2006), como verdadeiro desafio à nossa capacidade de imaginação política e invenção psicanalítica. Se a ideologia é eterna, como disse Althusser, nosso passado recente não é.

II SIMPÓSIO DE PSICANALISE DE NITERÓI - Vídeos

O site Espaço Mulher On Line fez a cobertura do II SIMPÓSIO DE PSICANÁLISE.
Já está disponível um vídeo em 5 partes com um pouquinho do que rolou.
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Clique aqui e confira alguns trabalhos e entrevistas!